Meu fogão a lenha
Há alguns anos eu comprei um terreno no Vale do Paraíba – uma região de história rica, que viveu a opulência do ciclo do café, seguida da decadência retratada de forma brilhante pelo escritor Monteiro Lobato. Me encantei pelo local e arrematei umas ruínas que havia perto dali e, sobre elas, reergui um casarão para ser meu local de descanso e também a cozinha-estúdio onde gravaria meu programa de TV.
Escrevo para contextualizar a construção do meu fogão a lenha. Eu sempre quis ter um e aquela seria minha grande oportunidade. Só que eu não me contentava com nenhum daqueles que via no mercado e, então, resolvi projetar um do jeito que eu queria.
Se você assiste ao meu programa Diário do Olivier, no GNT, você conhece meu fogão e sabe do que estou falando. A bancada – parte fria do fogão – é coberta por uma réplica de cerâmica da época colonial e tem bastante espaço para manipulação de ingredientes.
Outro detalhe fundamental: com dó da minha coluna, eu fixei o fogão sobre um pedestal, de forma que eu tivesse meu espaço para os meus pés e não precisasse ficar debruçado sobre as panelas.
Na extremidade oposta à da entrada da lenha, há um forno. Novamente fugindo do convencional, preferi uma caixa de aço escovado ao invés dos tijolos refratários, com os quais eu revesti a parte externa do forno.
E para juntar tudo isso, uma dica preciosa da turma do campo: a massa corrida à base de cimento leva açúcar na receita! É para que a emenda não rache com o calor.
Já a parte quente conta com uma chapa pra lá de especial. Os fogões a lenha convencionais costumam ter uma chapa fina, com cerca de 1 cm de espessura. Além de dissipar o calor de forma muito rápida, esta chapa acaba envergando com o tempo. Por isso, encomendei uma, de ferro fundido como a outra, só que com cinco vezes a espessura normal.
E já que meu fogão seria mais largo, projetei também um comprimento maior que o normal. Para se adaptar aos 2 metros de extensão, a chapa precisou ser dividida em duas partes que se encaixam. Nessa ampla chapa, com espaço para quatro bocas, eu consigo diversas regiões de temperatura, o que me permite, ao mesmo tempo, manter um prato aquecido e fazer uma grande fritura, por exemplo.
Abaixo, a planta do projeto.