#Capítulo 1 – Os discos na história do Olivier

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A música tem a particularidade de marcar momentos importantes da nossa história emocional. Podemos associá-la à euforia, paixão, drama, alegria, família, amigos atuais e do passado. Enfim, a música está sempre presente nos diversos capítulos da vida.

Nossa base musical começa a ser criada a partir do momento em que nascemos e através da influência direta da família. Eu acredito nisso, pois foi assim comigo. Primeiro filho de um pai e de uma mãe jovens do início dos anos 60. Myriam tinha 17 anos quando nasci. Meu pai François tinha 22. Minha sensibilidade musical começou a se desenvolver nos três primeiros anos da minha vida, quando íamos visitar os meus avos paterno Papinono e Mamidete, no Val do rio Loire, na cidade de Tours. Grande violonista solista da orquestra Municipal de Tours, meu avô passava horas tocando violino para mim, na sala do seu humilde apartamento (como vocês podem ver na foto), que na verdade era um realojamento provisório após segunda guerra. Em 1944 uma bomba “amiga” caiu em cima da casa familiar em pleno centro da cidade de Tours. Ela foi bombardeada pelos americanos quando estavam expulsando os alemães da França. Até o final da guerra meus avos, meu pai, minha tia e as vítimas sem teto da guerra, ficaram confinados em campos de refugiados e eram abrigados embaixo de tendas de algodão “camuflagem” do exército americano. Em 1946, o governo francês terminou de construir os primeiros conjuntos de prédios simples e de arquitetura inspirada no Lecorbusier, assim todas as famílias vítimas da guerra foram alojadas. Deveria ser uma casa provisória, mas a adversidade pós-guerra os levaram a permanecer ali até morrer. Meu pai tinha 13 anos quando receberam esse apartamento. Ele cresceu e terminou todos seus estudos de medicina ali. Mamidete era “Chapeliére”, fazia chapéus maravilhosos para as damas da cidade e Papinono ganhava a vida com o seu violino. Um avô artista sensacional que acordou em mim o prazer da música. Apesar de ter tocado vários instrumentos ao longo de minha vida, como ultimamente o trompete, não me considero músico, mas em contra partida tenho uma profunda sensibilidade e conhecimento musical.

Hoje com 55 anos de idade eu nunca deixei de carregar comigo todos os vinis que marcaram minha vida e traçaram minha história musical.
Fico muito feliz que consegui montar na minha casa o sistema de som que eu sempre sonhei em ter, desde adolescente. Prazer de casa de conviver com música.

Depois de alguns anos, terminei de selecionar e classificar os mais de 300 discos que ilustram a minha vida e, por meio do facebook, decidi abrir uma porta da minha intimidade cultural e compartilhar com vocês a influência da música na minha vida. Na próxima semana vou contar minha história. Ela começa em 1963 quando menino e de forma subconsciente, começo a montar a minha memória musical.

Cap 1

Para iniciar essa seção, em memória ao meu berço e homenageando meu avô, escolhi o italiano Niccolo Paganini. Além de ser um compositor genial, é frequentemente citado como maior violonista de todos os tempos.
Julia Fisher interpreta com maestria esse clássico de Paganini: O vigésimo quarto Caprices.


#osDiscosnaHistoriadoOlivier

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